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Distúrbios músculos esqueléticos em praticantes 

de ciclismo: uma revisão integrativa

Desórdenes en los músculos esqueléticos en practicantes del ciclismo: una revisión integrativa

Disturbances in skeletal muscles practitioners cycling: an integrative review

 

*Graduados do Curso de Bacharel em Educação Física

da Faculdade dos Guararapes, FG, Jaboatão dos Guararapes, PE

**Professor do Curso de Educação Física da Faculdade dos Guararapes, FG

Faculdade Boa Viagem, FBV. Mestrando em Hebiatria

Treinador da Seleção Brasileira de Atletismo

(Brasil)

Adonias Francisco de Sales*

adoniassales@hotmail.com

Moisés Salvador de Alcântara*

msalvador.alcantara@gmail.com

Sônia Maria de Sousa*

sonia_34sousa@hotmail.com

Vanthauze Marques Freire Torres**

vanthauze@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O ciclismo é um esporte por equipe ou individual onde o sujeito utiliza a bicicleta para disputar corridas em estradas, pistas cobertas ou não, terrenos acidentados com aclives e declives dentre outros, permitindo também a prática do esporte-lazer. Objetivo: Revisar de forma integrativa as publicações nas bases de dados eletrônicas sobre os distúrbios músculos esqueléticos provocados pela prática do ciclismo. Métodos: Para o desenvolvimento do presente estudo foram considerados artigos originais, artigos de revisão e livros que relatavam sobre ao ajuste na bicicleta e postura, considerando artigos da base de dados SciELO e na Revista Eletrônica EFDeportes.com. Resultados: Foram obtidos através das informações contidas nos 03 estudos incluídos, sendo 01 artigo de revisão e 02 artigos originais. Alguns artigos discutiam a postura e o ajuste do equipamento sendo esses determinantes para o aparecimento de distúrbios músculos esqueléticos. Conclusão: O ajuste incorreto do equipamento e a má postura podem ser fatores determinantes para que os praticantes do ciclismo venham a ser acometidos por lesões músculos esqueléticas em várias regiões anatômicas, nas modalidades de ciclismo.

          Unitermos: Ciclismo. Postura. Ajuste do equipamento.

 

Resumen

          El ciclismo es un deporte de equipo o individual donde el sujeto utiliza la bicicleta para competir en carreras de ruta, o en pistas cubiertas, terrenos irregulares con pendientes y declives, entre otros, también permite la práctica de deportes recreativo. Objetivo: Revisar integralmente las publicaciones en las bases de datos electrónicas sobre los trastornos músculo esqueléticos causados ​​por la práctica del ciclismo. Métodos: Para el desarrollo de este estudio fueron considerados artículos originales, artículos de revisión y los libros que relatan sobre el ajuste y la postura sobre la bicicleta teniendo en cuenta la base de datos de artículos SciELO y la revista digital EFDeportes.com. Resultados: Se obtuvieron a partir de la información contenida 3 estudios incluidos, 1 artículo de revisión y 2 artículos originales. Algunos artículos discutían la postura y el ajuste del equipamiento como factores determinantes para la aparición de trastornos músculo esqueléticos. Conclusión: El ajuste incorrecto de los equipos y la mala postura pueden ser determinantes para que los practicantes de bicicleta puedan ser afectada por las lesiones músculos esqueléticas en diferentes regiones anatómicas, en las modalidades de ciclismo.

          Palabras clave: Ciclismo. Postura. Ajuste del equipamiento.

 

Abstract

          Cycling is a sport for team or individual where the subject uses the bike to compete in road races, or not covered slopes, rough terrain with inclines and slopes among others, also allowing the practice of sports-entertainment. Objective: Form of integrative review publications in electronic databases on musculoskeletal disorders caused by the practice of cycling. Methods: For the development of this study were considered original articles, review articles and books that reported on the adjustment and posture on the bike considering the articles database SciELO and the Electronic Journal EFDeportes.com. Results: Were obtained from information contained in the 03 studies included, 01 of review article and 02 original articles. Some articles discussing posture and adjusting the equipment under these determinants for the onset of musculoskeletal disorders. Conclusion: That improper adjustment of equipment and poor posture can be determinant for the practitioners of cycling may be affected by skeletal muscle lesions in various anatomical regions, in terms of cycling.

          Keywords: Cycling. Posture. Adjustment equipment.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 177, Febrero de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A bicicleta foi criada em 2300 a.C., na China. Naquele primeiro momento, não possuía sistema de transmissão de forças como pedais, corrente, coroas e catracas. Sua utilização restringia-se ao deslocamento em declives. Foi somente, em 1855, que os engenheiros franceses Michauc e Lallemente acrescentaram pedais à bicicleta1. Desde sua criação, inúmeras foram as inovações neste veículo, tanto na sua forma estrutural quanto na tecnologia de materiais empregados. Estas inovações impulsionam cada vez mais indivíduos a praticar ciclismo, utilizando a bicicleta em diferentes formas, seja o uso recreacional, ou o uso como meio de transporte, ou o uso competitivo2.

    O ciclismo foi incluído nos Jogos Olímpicos desde a sua primeira edição da era moderna que foi realizado em Atenas no ano de 1896, e tem como sua principal prova de rua a famosa, Tour de France. O mesmo chegou no Brasil no fim do século XIX, e em 1895, foi inaugurado em São Paulo o velódromo do Clube Atlético Paulistano, local das principais provas que aconteceram na época. Posteriormente surgiram outras opções, como o Clube Brasil, o Ciclo Clube Ardanuy e o Bom Retiro2.

    O ciclismo é um esporte por equipe ou individual onde o sujeito utiliza a bicicleta para disputar corridas em estradas, pistas cobertas ou não, terrenos acidentados com aclives e declives dentre outros, permitindo também a prática do esporte-lazer3, podendo ser Indoor (Velódromos, Spinning, por exemplo) ou simplesmente na rua. Por ser um esporte de baixo impacto para as articulações, grande gasto calórico e baixo custo, o ciclismo vem aumentando em números de adeptos, melhorando o condicionamento físico, uma melhor qualidade de vida aos praticantes desta modalidade, proporcionando maior interação interpessoal e com o meio ambiente4.

    A compreensão da biomecânica no ciclismo é importante por diversas razões, onde poderá conduzir à diminuição ou à melhora de lesões causadas em ciclistas de alto rendimento, em virtude do esforço repetitivo no gesto motor da pedalada, quando praticado em um alto volume e em uma alta intensidade. O conhecimento sobre a biomecânica do ciclismo poderia ser utilizado como uma ferramenta para a melhoria da técnica de indivíduos que praticam ciclismo de uma forma recreativa ou de indivíduos que utilizam cicloergômetros estacionários para promoção da saúde e/ou para reabilitação de lesões. E, finalmente, a biomecânica do ciclismo pode melhorar significativamente a técnica e, conseqüentemente, a performance dos atletas de elite5.

    As incorreções posturais e o baixo nível de preparo muscular por parte dos praticantes de ciclismo e o ajuste incorreto do equipamento podem vir a gerar lesões na região lombar e nas articulações dos membros superiores e inferiores, pois o ciclismo é uma atividade na qual se usa o corpo todo6.

    Esportes de longa duração, como o ciclismo, onde se predomina uma maior resistência muscular localizada (RML), alguns cuidados devem ser tomados quanto à postura em cima da bicicleta, quanto ao preparo muscular, evitando possíveis lesões devido à má postura e aos movimentos repetitivos oriundos da prática desse esporte. Se houver deficiência no treinamento de alguma parte do corpo, todo sistema é comprometido. Isso não causa apenas um prejuízo no desempenho, mas também resulta em dor ou lesão6. Sendo assim esse artigo tem como objetivo revisar de forma integrativa as publicações na base de dado eletrônica sobre os distúrbios músculos esqueléticos provocados pela prática do ciclismo.

Métodos

    Para o desenvolvimento do presente estudo foram considerados artigos originais, artigos de revisão e livros que relatavam sobre o ajuste na bicicleta e postura, que tratassem de forma clara e objetiva o assunto. Para pesquisa, foi considerada apenas uma base de dados eletrônica: Scientific Electronic Library OnLine (SciELO) e a Revista Eletrônica EFDeportes.com, que continham publicações em língua portuguesa no período correspondente entre 1998 a 2012. Na busca foi utilizado apenas um descritor em língua portuguesa: Ciclismo.

    As buscas foram realizadas no período de setembro a outubro de 2012. Para serem incluídos no estudo os artigos deveriam conter as seguintes variáveis: postura e ajuste do equipamento. Foram excluídos os artigos em outro idioma diferente do português e que não abordava a temática de interesse.

Resultados

    Após a primeira análise foram selecionados 40 artigos onde realizou-se a leitura dos títulos e resumos, sendo triados apenas 25 artigos, onde realizou-se a leitura na integra dos 25 artigos e 03 artigos foram incluídos no estudo, pois atendiam a todos os critérios de inclusão.

    Conforme as informações contidas nos 03 estudos incluídos, sendo 01 artigo de revisão7 e 02 artigos originais8,9 (Tabela 1).

Tabela 1. Distribuição das publicações segundo autor, o ano, revista/base de dados, objetivo, resultados e amostra.

Discussões

    No estudo realizado por Di Alencar (2011)7, ao revisar os fatores etiológicos da lombalgia, chegou à conclusão de que flexões de tronco excessiva, discrepância de comprimento dos membros inferiores, falta de ajuste da bicicleta, fraqueza da musculatura lombo-pélvica, déficit de flexibilidade e desvios posturais podem comprometer todo desempenho e conforto do ciclista sobre a bicicleta podendo este ser o causador de lombalgia nesses praticantes.

    Segundo pesquisa desenvolvida por Baltazar (2011)8, que objetivou estudar as alterações no ângulo do tubo do selim da bicicleta (ATS) sobre as variáveis fisiológicas e biomecânicas em um grupo de seis triatletas amadores do sexo masculino (24,1+7,8 anos; 71,3+7,6 kg; 1,76+4,8 m), onde concluiu que não foram observadas diferenças significativas durante o ciclismo entre os diferentes ATS.

    Conforme Albano (2012)9, em sua amostra com cinqüenta e dois indivíduos de ambos os sexos com média de idade de 31,3 (± 10,7) anos e tempo médio de prática de 4,13 (± 1,4) meses, pode objetivar através de levantamentos de dados científicos a tentativa de promover uma prática esportiva com menor risco de lesões, obtendo resultados que apresentaram lesões em várias regiões anatômicas.

    Pode-se observar na tabela 1 que todas as publicações inclusas nesse estudo são de publicações atuais entre 2011 e 2012, onde as publicações de Baltazar (2011)8 e o de Albano (2012)9, discordam parcialmente em alguns momentos em relação à postura e ao ajuste do equipamento.

    Albano (2012)9, em seu estudo chegou ao resultado que a má postura e o ajuste errôneo do equipamento provocam lesões em varias regiões anatômicas sendo as mais acometidas a região lombar com (28,8%), os joelhos e pernas com (26,9%).

    Alguns estudos discordam quanto ao ajuste do equipamento, Baltazar (2011)8 afirma em seu estudo que as diferenças entre o ATS podem reduzir os efeitos deletérios ocasionando assim um maior rendimento no desempenho e não foi observado nenhuma lesão em seus praticantes, Albano (2012)9 confirmou em seu estudo que o ajuste incorreto do selim e a má postura por parte do praticante provocam lesões em várias regiões anatômicas devido aos movimentos repetitivos, sendo a região lombar a mais lesionada devido a uma carga excessiva sofrida por esta região seguido por joelhos e pernas que são bastante acionados durante o movimento de pedalada.

    Conforme Di Alencar (2011)7 a prática do ciclismo por um longo período de tempo e distâncias longas, o ajuste inadequado de todo equipamento, podem comprometer os músculos da região posterior das costas devido a essa musculatura estar bastante alongada produzindo assim menor força, condição que pode ser responsável pelo desencadeamento de fadiga muscular e dor, favorecendo o surgimento da lombalgia.

Conclusão

    Os estudos apresentaram que o ajuste incorreto do equipamento e a má postura podem ser fatores determinantes para que os praticantes do ciclismo venham a ser acometidos por lesões músculos esqueléticos em várias regiões anatômicas, nas modalidades de ciclismo.

    Para que praticantes de ciclismo tenham um excelente desempenho e melhor qualidade de vida, e que não sejam acometidos por lesões músculos esqueléticos, o ajuste do equipamento, tal como altura do selim e uma postura correta, deve ser levada em consideração durante a prática deste esporte.

Referências

  1. CANDOTTI, C.T. Características biomecânicas e fisiológicas da técnica de pedalada de ciclistas e triatletas. 2003. 142 f. Tese (Doutorado em Ciências do Movimento Humano) – Escola Superior de Educação Física, UFRGS, Porto Alegre, 2003.

  2. D’ELIA, J.R. Ciclismo: treinamento, fisiologia e biomecânica, Editora Phorte, v. 1, p. 28, 2009.

  3. TUBINO, M. J. G.; TUBINO, F. M.; GARRIDO, F. A. C. Dicionário enciclopédico Tubino do esporte. Rio de Janeiro: Senac, 2007.

  4. KLEINPAUL Julio Francisco, Mann Luana, Diefenthaeler Fernando, Moro Antônio Renato Pereira, Carpes Felipe Pivetta. Aspectos determinantes do posicionamento corporal no ciclismo: uma revisão sistemática. Motriz: rev. educ. fis. 2010 Dez; 16(4): 1013-1023.

  5. HALL, S. J. Biomecânica básica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. 417 p.

  6. SOVNDAL, S. Anatomia do ciclismo, Editora Manole, v. 1, p. 1, 2010.

  7. DI ALENCAR, T. AYALA M., MATIAS, K.F.S., BINI, R.R., CARPES, F. Revisão etiológica da lombalgia em ciclistas. Rev. Bras. Ciênc. Esporte. 2011 Jun; 33(2): 507-528.

  8. BALTAZAR, R. ANDRADE, M.B. CAPUTO, F. Efeitos da alteração na posição do selim da bicicleta sobre a corrida subseqüente. Rev. bras. Cineantropometria e desempenho humano. 2011 Dez; 13(6): 436-441.

  9. SOARES RIENDA, A. et al. Prevalência de lesões em praticantes de ciclismo indoor. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires – Año 17 – Nº 170 – Julio de 2012. http://www.efdeportes.com/efd170/prevalencia-de-lesoes-em-ciclismo-indoor.htm

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